UMA ANÁLISE RACIONAL DO ESTADO DE NATUREZA
UMA COMPARAÇÃO ENTRE HOBBES, A ANTROPOLOGIA ROUSSEAUNIANA E O RACIONALISMO KANTIANO
Resumo
Dentro de muitas ideias trazidas por Hobbes na obra O Leviatã, com certeza a mais reproduzida, e quase sempre irrefletidamente, é sobre a natureza do homem. Dentro do que Hobbes sustenta está a célebre frase “o homem é o lobo do próprio homem”, que significa que quando o homem se encontra num Estado de Natureza, como não haveria Direitos, o que reinaria seria a guerra, o estado governado pelas paixões, para tanto se faz necessário criar uma entidade Estatal para tornar possível a convivência. Porém o foco do presente texto se limita a refletir sobre essa vinculação do homem ao Estado de Natureza, e o fato de que isso impossibilitaria a tomada de determinadas medidas governamentais. Primeiramente reflitamos que, se o homem realmente for mau por natureza e preso a estas vontades naturais, então qualquer punição está fadada ao fracasso. Pois se de fato o homem não consegue agir fora do seu Estado de Natureza, ele não pode ser responsabilizado pelo que faz ou não, pois não controla seus atos, não haveria pressupostos para penalizar alguém por suas atitudes. Mas de onde vem esta responsabilidade? O realmente importante é: o homem não nasce bom ou mau, mas com instintos e, principalmente, razão. Ela que possibilita ao homem refletir sobre seus atos sobre o que é melhor e permitido fazer, mesmo sem a necessidade de um Estado. Esta razão é o que liberta o homem da prisão, dos seus instintos, e o torna responsável pelas suas atitudes. Costuma-se valer das ideias de Rousseau, no Contrato Social, para opor-se a Hobbes, lá há uma crítica à sociedade da época. Esta crítica ensejou uma errônea interpretação do autor, e lhe atribuiu a frase “o homem é bom, a sociedade que o corrompe”. Contudo, Rousseau jamais disse tamanha mediocridade. Sua crítica se destinava à forma com a qual a sociedade se desenvolveu, ou seja, com o foco primordial na propriedade privada, e que isto de fato fazia despertar no homem seus instintos mais egoísticos. Porém essa discussão atinge seu objetivo realmente relevante quando nós percebemos que independente da Natureza que nós temos, e da sociedade que construímos, nós somos dotados da qualidade da razão e, portanto, donos das nossas atitudes. Assim sendo, parece que o ponto crucial do conflito dessas ideias é que nem o Estado, a Sociedade ou o Homem são como tem de ser, mas são nossas atitudes que definem.