MORADORES DE RUA: IMPLICAÇÕES, MARCADORES E ATRAVESSAMENTOS
Resumo
Apresentar discussões a respeito dos moradores de rua enquanto uma categoria identitária se apresenta como um desafio, visto que não podemos encontrar características gerais que definam todas as formas de ser e estar no mundo. Sob esse olhar despertou-nos a inquietação para este estudo: como é a vida na rua a partir da perspectiva dos próprios sujeitos que vivem essa condição e das pessoas que não vivem nas mesmas condições. O objetivo deste trabalho, portanto, foi analisar os atravessamentos que se apresentam a partir dos discursos de sujeitos em situação de rua e os sujeitos que não vivem essa condição. Esta pesquisa qualifica-se como empírica, na qual foram selecionados seis sujeitos para este estudo. A análise das informações obtidas se deu através da técnica da análise do discurso. A partir dos dados coletados, observou-se questões como a violência sexual contra as mulheres em situação de rua; a dificuldade de fazer um relato de si quando este foge às estruturas do discurso normativo; e os condicionantes sociais como droga, álcool, prostituição, criminalidade e violência como elementos atravessadores nas condições desses sujeitos. No discurso dos não moradores de rua atenuou-se assuntos como a impotência frente à condição dos moradores de rua, discursos marcados por aspectos da exclusão social e o estereótipo desse morador. Em suma, conclui-se que há um distanciamento entre o discurso de quem vivencia a situação de rua e os que não vivem esta condição, mostrando a importância de dialogarmos com os próprios sujeitos moradores de ruas para pensarmos nas práticas frente a eles, no que diz respeito à garantia de direitos humanos.