ABORDAGEM RECOVERY: NOVAS PERSPECTIVAS EM SAÚDE MENTAL EM UM GRUPO DE PESQUISA E EXTENSÃO
Resumo
O grupo de estudos em Sofrimento Psíquico, Recovery e Cidadania, realizado no CESUSC entre 2015 e 2018, tornou-se, em 2019, um Programa de Extensão e Pesquisa. Tem como objetivo geral promover a produção de conhecimento de tecnologias de cuidado e de emancipação das pessoas em sofrimento psíquico, sob a perspectiva Recovery, nas suas dimensões pessoal, social e política, implicando a ampliação das oportunidades, da interação social, do trabalho, dos direitos civis e da cidadania. Esse programa inclui profissionais da saúde mental, estudantes do curso de psicologia, pessoas em sofrimento psíquico, bem como, usuários do sistema de saúde mental, álcool e outras drogas da região de Florianópolis e suas redes de apoio. O grupo reúne-se quinzenalmente e como disparador se utiliza uma atividade de referência, na forma de texto, vídeo, dinâmica, jogo, depoimento, palestra, ou ainda, um tema trazido pelos participantes. A abordagem Recovery privilegia o protagonismo dos seus participantes e o compartilhamento de experiências vividas, de histórias de sofrimento psíquico, a fim de promover a autonomia dos sujeitos envolvidos nas intervenções. Nos encontros do programa busca-se a interação entre todos, com suas próprias vivências de sofrimento psíquico e de superação, de forma que possam co-construir o conhecimento das melhores tecnologias de cuidado na perspectiva Recovery. A partir desses encontros se abre possibilidades de agenciamentos no cuidado de si e no apoio psicossocial, além de recuperar esperanças e possibilidades de bem-estar, independentemente dos diagnósticos. Entre as metas do programa que implicam na pesquisa em psicologia, estão: estudar as multidimensões da noção de Recovery, seus enlaces, perspectivas e complexidades; finalizar a adaptação transcultural do WRAP; adquirir a certificação internacional com os desenvolvedores do WRAP; estudar e incentivar a aplicação das diversas ferramentas desenvolvidas sob a perspectiva Recovery, como o Comunidade de Fala, a Gestão Autônoma da Medicação, entre outras. O projeto busca também criar um espaço de acolhimento e reflexão diante das políticas públicas em saúde mental e na política de atenção ao álcool e outras drogas. Entende-se que é importante que a comunidade científica e acadêmica participe da produção, avaliação e defesa das melhores formas de cuidado e esteja atenta para a importância contínua do repensar, do criar e do recriar. Recovery surge como uma abordagem possível para os sistemas de saúde e para as pessoas, que vem apresentando resultados comprovadamente positivos ao longo de sua história em diversos lugares do mundo.