PSICOLOGIA SOCIAL-COMUNITÁRIA E TEATRO DO OPRIMIDO
RECURSOS INTERVENTIVOS COM CRIANÇAS DA BARRA DO SAMBAQUI
Resumo
A Psicologia Social-Comunitária propõe um processo de conscientização, no qual há um amadurecimento do julgo crítico por parte dos sujeitos sobre seu potencial transformador da realidade. O presente relato é referente às atividades desenvolvidas em parceria entre o Grupo de Pesquisa e Extensão em Psicologia Social-Comunitária da Faculdade CESUSC (GPSC) e a escola de Ensino Fundamental I e II situada na Barra do Sambaqui, durante o primeiro e o segundo semestre letivo de 2017, que possuíam como objetivo a integração e a aplicação de medidas antidiscriminatórias, propondo protagonismo e cooperação ao grupo composto por vinte e duas crianças entre oito e dez anos, alunos do quarto ano. As atividades tinham como intuito aquilo que Martín-Baró (1996) chamou “conscientização”: possibilitar a esse grupo uma tomada de autonomia perante sua realidade, contextualizada em um local de vulnerabilidade. O método aplicado foi de pesquisa-intervenção fundamentada na Psicologia Social-Comunitária atrelada às técnicas do Teatro do Oprimido de Augusto Boal (1931-2009). A partir das atividades realizadas no primeiro semestre, que consistiram em dinâmicas de grupo socioeducativas, foram identificadas questões que apresentavam uma relação conflituosa e discriminatória, presentes em frequentes episódios de bullying racial, etário, etc. Dessa forma, foram realizados encontros semanais, que incentivaram a criação de um grupo de teatro, nos quais ocorreram sessões de filmes com esse conteúdo. Posteriormente, quando as crianças se sentiram compelidas a formação de uma peça, foi proposto a criação de um roteiro, a nomeação desse grupo de teatro e da peça, que foram resultado das elaborações conjuntas das crianças. Após os alunos se dividiram em grupos para a organização do teatro, sendo assim, são realizadas oficinas de interpretação, confecção de cenário e figurino e efeitos sonoros, nas quais os alunos podem vivenciar diretamente o processo de criação, assim, resultando na cooperação entre eles, pois compartilham desse desejo: a realização da peça. Durante as oficinas houve oportunidades de intervenções, mediadas pela psicologia, que buscaram promover no grupo relações mais respeitosas entre os alunos e desenvolver uma relação mais sensível com o espaço escolar e com o corpo docente. Atualmente o grupo de teatro se prepara para sua primeira apresentação.